Este ano, o programa Raízes e Asas tem a Música como módulo
temático.
Entre outras atividades que vêm sendo desenvolvidas em torno deste
tema, elaboramos uma definição para o termo “música” que melhor se adequasse às
ideias do nosso grupo de alunas; traçamos uma linha do tempo, identificando os
movimentos musicais dos diferentes períodos, e passamos a estudar cada um deles...
E eis que chegamos à Idade Média, quando o Canto Gregoriano
era o único permitido em Igrejas e Universidades.
Vivemos na cidade de São Paulo, onde uma das atrações
turísticas mais visitadas é o Mosteiro de São Bento, seja por questões ligadas
à fé, seja por sua arquitetura, seja pela apreciação do Canto Gregoriano,
executado em algumas de suas missas.
Pensando nisso, decidimos “turistar” em nossa própria
cidade.
O objetivo declarado desse passeio era a apreciação do
movimento musical estudado, executado num espaço com acústica privilegiada
devido à sua arquitetura e cercado de significados. Entretanto, nosso grupo enfrentou
outros desafios, e aprendeu muito mais...
Comprar um bilhete de metrô: não estávamos mais numa situação controlada, como na escola. Na bilheteria, elas não conheciam o funcionário que as atendia por trás de um vidro (e que podia ser simpático, paciente e disponível, ou não...); neste espaço a fila crescia, fazia pressão, e também não se sabia nada sobre as pessoas que estavam atrás, esperando para serem atendidas.
Portar-se de forma segura na plataforma e dentro dos vagões.
Saber em qual estação descer, e com que antecedência se dirigir à porta do vagão.
Identificar, dentre as inúmeras saídas da estação (São Bento), aquela que melhor iria nos posicionar em relação ao nosso destino.
Perceber a presença de pessoas em situação de rua e entender como reagir frente às suas abordagens.
Comportar-se adequadamente num local considerado sagrado por grande parte das pessoas que o frequentam, e que lá estavam por motivos diferentes dos nossos.
Ainda que tentemos, dentro da escola, chegar o mais perto
possível de situações reais na nossa busca interminável pela ampliação da
autonomia de nossas alunas, nada é tão desafiador como a realidade, como a
exposição à vida que corre lá fora.
Fatos para nós corriqueiros, que fazem parte de nossa rotina
e já estão automatizados, representam para as pessoas com deficiência
intelectual um enorme obstáculo a ser vencido. São assustadores, causam
angústia, porque requerem a mobilização de recursos muitas vezes escassos, ou
que necessitam de muita coragem para ser empregados.
Excelente trabalho de vivência. Eu posso dizer isso com 100% de certeza, pois já vivemos esses momentos, que foram tao importantes e continuam ainda. A autonomia da pessoa com deficiência intelectual é a base para seu cotidiano na sociedade. Parabéns a todos os mestres e as alunas . Beijos de Rosamaria, mãe do Ivan Hespanhol
ResponderExcluirSabemos o quanto é difícil atingir este objetivo, mas também temos conhecimento do quanto este trabalho é compensador e gratificante... Lendo seu comentário, não dá pra evitar que as imagens das nossas "aventuras" com Ivan pelo centro velho venham à cabeça. Valeu muito, né Rosa? Beijo pra vocês!!
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